Travassos e Sobradelo da Goma são hoje, pelas suas características, "museus vivos" de ourivesaria.
Os seus artífices fizeram destes locais, autênticas "aldeias oficinas".
A arte da filigrana tem em Travassos uma importância especial, pela qualidade das filigranas e pelo grande número de pessoas que se dedicam a esta actividade.
Esta actividade tem vindo a perder importância económica pela falta de competitividade no grande espaço europeu, pela falta de inovação e de introdução de novo design nas peças de ourivesaria, em que, salvo raras excepções, continua a predominar a ourivesaria tradicional.
Experiências realizadas na Póvoa de Lanhoso, com o apoio da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, como foi o caso do Projecto Leveza: reanimar a filigrana, que foi implementado pelo Museu do Ouro de Travassos e a Escola Superior de Artes e Design, deram resultados concretos de significativo impacto.
Esses resultados relevaram-se essencialmente ao nível de uma maior divulgação e afirmação da Póvoa de Lanhoso no contexto da ourivesaria e na activação económica de algumas oficinas que passaram a contar com a colaboração regular de alguns designers, aumentando assim a diversidade e a oferta de objectos de filigrana.
A pequena dimensão da generalidade das oficinas da Póvoa de Lanhoso posicionam-se bem para a produção de pequenas quantidades, a elaboração de protótipos e de modelos exclusivos, aspecto de grande importância quando se trabalha com vários designers, que se posicionam de forma diferenciada no mercado da joalharia.
Salienta-se, também, a grande capacidade e experiência técnica da generalidade dos ourives, o que permite execuções rigorosas e complexas.
Estes aspectos acima referidos, que tornam a Póvoa de Lanhoso numa terra de elevado potencial para a elaboração de peças de design, necessitam no entanto de uma acção estimulante significativa nos meios artísticos e económicos, de forma a criar um mercado mais dinâmico e atrair públicos para a Póvoa de Lanhoso à procura do ouro.
Esta acção pretende-se que tenha um impacto significativo nos vários sectores da ourivesaria, nos fabricantes, nos armazenistas e nos retalhistas, separando os retalhistas que vendem ao público em geral das outras áreas de negócio a montante, que tem objectivos diferenciados.
Para isso pretende-se criar uma Feira do Ouro, em que os comerciantes retalhistas estabelecidos em lojas e nas feiras estejam presentes com a sua oferta de ourivesaria.
Para os fabricantes e designers foi pensado criar um workshop com ourives fabricantes e designers.
Neste evento, os ourives fabricantes mostram a sua oferta em termos de mercadoria e de técnicas de fabrico e os designers apresentam os seus modelos, as suas linhas de concepção.
Cria-se, assim, aqui um espaço de troca de conhecimentos e de contactos entre os expositores e o público profissional ao nível dos ourives dos vários ramos e dos designers.
Este workshop será potenciado pela realização simultânea de um congresso com vários painéis relativos a ourivesaria e à sua promoção.
Este evento atrairá um público diversificado, incluindo um número significativo de designers de escolas do ensino superior, de designers de joalharia e de produto, para além dos profissionais de ourivesaria que neste momento estão particularmente interessados em concorrer num mercado que exige cada vez mais inovação.
O concurso de design de ourivesaria visa aproximar mais os jovens designers da ourivesaria da Póvoa de Lanhoso, dado ser estes os que numa fase inicial, por falta de mercado de trabalho mais qualificado, se podem adaptar às estruturas actualmente existentes no fabrico de ourivesaria, permitindo criar relações profissionais duradouras, quer encomendando futuramente peças nas oficinas, quer vendendo os seus serviços de concepção ou os modelos criados.
O desfile de moda recriará um outro de ourivesaria que existiu anteriormente ligado ao Têxtil D?Ouro; animará um espaço próximo da Feira do Ouro.
Será ao ar livre ou no Theatro Club, conforme as condições atmosféricas.
Manuel de Carvalho e Sousa